18 de maio é o Dia Internacional da Luta Anti-manicomial o que vamos dizer a respeito?
“ Eu tenho depressão, transtorno de afetividade e TOC. Também tenho uma
filha de cinco anos que o pai roubou de mim. Tem épocas do ano que sinto muita
falta dela.
Brigava muito com a minha família, uma vez me joguei na frente de um
ônibus, a GSM me socorreu e me trouxe pra cá e pedi a minha internação, tentar
tirar a própria vida é difícil, tem que ter muita coragem. A doença tomou conta
da minha cabeça, se eu não tiver controle da minha vida, o que eu faço? Moro
sozinha a dois anos e meio, é complicado morar sozinha e não conseguir
controlar seus pensamentos.
Eu sigo minha vida como qualquer outro ser humano, tem dias que estou
bem e tem dias que estou em crise. Na crise eu não sei explicar, só sei que
tudo o que acontece, você acha que a culpa é sua. Cai uma agulha do outro lado
do mundo e você acha que é sua culpa. Nessas
horas palavras de acalanto não adianta, o que adianta é ficar quieta no meu canto,
mas não sozinha.
Um dia vim pra cá porque estava muito mal, minha mãe veio me buscar
pois naquele dia eu realmente precisava de ajuda. A medicação também me ajuda
muito. Se eu ficar um dia sem medicação, eu piro.
As vezes as pessoas acham que é frescura, que eu não tenho nada, mas
não entendem. Quiseram pedir a minha aposentadoria mais eu não concordo, como
vou conseguir ficar com a minha filha se me aposentarem por coisas da cabeça.
Eu minto muito bem porque a minha vida ta cada vez pior, estou sem meu
beneficio, não estou conseguindo recuperar a minha filha. Mas também, não choro
mais. Vou chorar por uma situação que o governo me obrigou a ficar?
Também não quero ficar em hospital psiquiátrico. É como uma cadeia. Tem
gente que está pior que você, e colocam você em uma situação difícil. Falo
cadeia porque você escuta o portão bater nas suas costas, dependendo do seu
comportamento, te amarram e dão injeção. Em alguns momentos esse negócio de
amarrar é necessário para a sua segurança, mas teve vezes que fui contida sem
motivos. Uma vez discordei de uma enfermeira e me amarraram e me deram uma
injeção de aldol com fernegan. La dentro é esquisito. Há pessoas que já
estiveram sãs e hoje estão lá muito mal.
É importante você perceber quando tem alguém na sua família que precisa
de apoio, é necessário estudar as doenças para entender melhor o que acontece.
Se eu começo a me isolar, fico sem dormir e já sei que a coisa está
piorando. Fico pensando nas contas que ainda não chegaram, me preocupo com
dinheiro e começo a sofrer por antecipação. Pra falar a verdade, nem sei como
estou morando sozinha até hoje".
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