segunda-feira, 25 de março de 2013




Vontade de potência 
Hélio Schwartsman
30/01/2013 - 03h30- Folha de São Paulo


SÃO PAULO - Eu concordo com quase tudo o que o Drauzio Varella diz. Quase. A defesa apaixonada que ele fez da internação involuntária para dependentes de droga talvez se justifique como discurso de um pai desesperado ou de um médico aflito por não ter como ajudar o paciente, mas deixa de levar em conta alguns elementos importantes.
No afã de tomar uma atitude, Drauzio passa como um trator por cima de dúvidas pertinentes como a eficácia do tratamento compulsório --que tende a ser ainda menor do que as já modestas taxas de sucesso das internações voluntárias-- e a carência de vagas no sistema.
Raciocinando por hipótese, já que não existem dados confiáveis, se a chance de livrar-se da dependência é mínima e o tratamento é física e psicologicamente penoso, não podemos nem mesmo afirmar que a recusa é uma decisão irracional. Se vale a analogia com o câncer, quando o prognóstico da doença é muito ruim, alguns pacientes optam, talvez sabiamente, por evitar os efeitos adversos de uma quimioterapia.
E será que faz sentido usar uma vaga com alguém que não a deseja quando existem muitos dependentes menos graves que buscam desesperadamente um lugar para internação e não o conseguem? Qual a política pública mais correta?
Não chego a afirmar que a internação à revelia seja sempre indesejável, mas me parece claro que não pode ser usada como panaceia. Não dá para sair jogando as pessoas em hospitais e clínicas e depois corrigir os exageros, como quer o Drauzio.
A humanidade levou sete milênios para desenvolver mecanismos legais que protegem o cidadão do arbítrio do Estado. A lei nº 10.216, que prevê a internação involuntária, põe esse esforço por água abaixo ao permitir que uma pessoa seja privada de sua liberdade por tempo indefinido sem direito a defensor ou mesmo juiz. Precisamos, no mínimo, reescrever essa monstruosidade jurídica.

Hélio Schwartsman é bacharel em filosofia, publicou "Aquilae Titicans - O Segredo de Avicena - Uma Aventura no Afeganistão" em 2001. Escreve na versão impressa da Página A2 às terças, quartas, sextas, sábados e domingos e às quintas no site.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Lugar de louco é na vida

18 de maio é o Dia Internacional da Luta Anti-manicomial o que vamos dizer a respeito?


“ Eu tenho depressão, transtorno de afetividade e TOC. Também tenho uma filha de cinco anos que o pai roubou de mim. Tem épocas do ano que sinto muita falta dela.
Brigava muito com a minha família, uma vez me joguei na frente de um ônibus, a GSM me socorreu e me trouxe pra cá e pedi a minha internação, tentar tirar a própria vida é difícil, tem que ter muita coragem. A doença tomou conta da minha cabeça, se eu não tiver controle da minha vida, o que eu faço? Moro sozinha a dois anos e meio, é complicado morar sozinha e não conseguir controlar seus pensamentos.
Eu sigo minha vida como qualquer outro ser humano, tem dias que estou bem e tem dias que estou em crise. Na crise eu não sei explicar, só sei que tudo o que acontece, você acha que a culpa é sua. Cai uma agulha do outro lado do mundo e você acha que é sua culpa. Nessas
horas palavras de acalanto   não   adianta,   o que adianta é ficar quieta no meu canto, mas não sozinha.
Um dia vim pra cá porque estava muito mal, minha mãe veio me buscar pois naquele dia eu realmente precisava de ajuda. A medicação também me ajuda muito. Se eu ficar um dia sem medicação, eu piro.
As vezes as pessoas acham que é frescura, que eu não tenho nada, mas não entendem. Quiseram pedir a minha aposentadoria mais eu não concordo, como vou conseguir ficar com a minha filha se me aposentarem por coisas da cabeça.
Eu minto muito bem porque a minha vida ta cada vez pior, estou sem meu beneficio, não estou conseguindo recuperar a minha filha. Mas também, não choro mais. Vou chorar por uma situação que o governo me obrigou a ficar?
Também não quero ficar em hospital psiquiátrico. É como uma cadeia. Tem gente que está pior que você, e colocam você em uma situação difícil. Falo cadeia porque você escuta o portão bater nas suas costas, dependendo do seu comportamento, te amarram e dão injeção. Em alguns momentos esse negócio de amarrar é necessário para a sua segurança, mas teve vezes que fui contida sem motivos. Uma vez discordei de uma enfermeira e me amarraram e me deram uma injeção de aldol com fernegan. La dentro é esquisito. Há pessoas que já estiveram sãs e hoje estão lá muito mal.
É importante você perceber quando tem alguém na sua família que precisa de apoio, é necessário estudar as doenças para entender melhor o que acontece.
Se eu começo a me isolar, fico sem dormir e já sei que a coisa está piorando. Fico pensando nas contas que ainda não chegaram, me preocupo com dinheiro e começo a sofrer por antecipação. Pra falar a verdade, nem sei como estou morando sozinha até hoje".


Oração de Um Jovem Triste

Antônio Marcos

Eu tanto ouvia falar em ti
Por isso hoje estou aqui
Eu sempre tive tudo que eu quis
Mas te confesso não sou feliz
Calça apertada de cinturão
Toco guitarra faço canção
Mas quando eu tento me procurar
Eu não consigo me encontrar
Escondo o rosto com as mãos
E uma tristeza imensa
Me invade o coração
Já, já não sou capaz de amar
E a felicidade cansei de procurar
Ah! Ah!...
Por isso venho buscar em ti
O que não tenho o que perdi
Vestido em ouro te imaginei
E tão humilde te encontrei
Cabelos longos iguais aos meus
Tu és o Cristo, Filho de Deus
Tanta ternura em teu olhar
Tua presença me faz chorar
Eu ergo os olhos para o céu
E a luz do teu amor
Me deixa tão feliz
Se, se jamais acreditei
Perdoa-me, Senhor
Pois hoje te encontrei..



Vida de artista

O artista não sofre menos
apenas aprende a transcender
a dor que é de fato viver
em afrescos, sonetos ou piruetas

O artista é um viés da sociedade
anfíbio, subterrâneo, luminoso
um corte oblíquo de mil seres
sendo muitas vezes ele mesmo nem um

Queria mesmo é ser circense
voar alto no trapézio, andar na corda bamba!
- palhaço já sou, mesmo que à revelia...

Andreluz
3/3/13

Uma lição de vida


Uma lição de vida (Meir Schneider - 1987 – Editora Cultrix)
“Nenhuma doença é incurável!”,afirmou o fisioterapeuta Meir Schneider, depois de ter curado a si próprio da cegueira e auxiliado centenas de pessoas a se curarem dos mais variados e graves males, mesmo contra todos os diagnósticos, mesmo com pessoas com idade bastante avançada.
“A melhor coisa que você poderia fazer por mim foi curar-se”, disse-lhe sua avó, quando ele, ao cabo de anos de exercícios diários teve reformulada a declaração oficial de cego pelo governo de Israel. Ela foi a única pessoa da família a estimulá-lo a prosseguir com aqueles exercícios considerados inúteis por todos. Na verdade a família e médicos e professores insistiam com ele para que “aceitasse” a cegueira e parasse de lutar para ser vidente. Uma série de cirurgias ainda bem pequeno não ajudaram em nada. “Após cinco operações, meus cristalinos estavam quase totalmente destruídos”, diz ele ainda no início do livro.
Meir narra sua própria história, desde cedo conhecendo terapeutas não-oficiais, e de um punhado de pacientes que ele começa a tratar, de novos terapeutas (ex-pacientes) e de outros tantos que conhecem seu método de auto-cura, à medida que ele vem ganhando notoriedade, primeiro em Israel, depois nos Estados Unidos com o Center for Self-Healing. Hoje existem divulgadores/auxiliadores de auto-cura pelo mundo. A Associação Brasileira de Self-Healing tem despertado discussões com alguns setores da medicina –a exemplo de Meir que formou-se fisioterapeuta para escapar à perseguição-, mas prossegue disseminando as técnicas e colecionando casos de total recuperação.
O trabalho de Meir se baseou no método do dr. Willian Bates, oftalmologista americano, que observou a importância que a mente desempenha na visão: a estafa, física ou mental é a causa principal do problema nos olhos. Quando os olhos relaxam as células certas são usadas: portanto relaxar os olhos , o corpo, a mente, é o início da cura.
Na realidade é muito simples, os exercícios de palmeamento, (método Bates em anexo) movimentos de cabeça, relaxamento dos olhos, envolvem aspectos físicos de regeneração do próprio órgão, aspectos mentais da alocação de atenção e energia a esse sistema e fundamentalmente espiritual ao acessar o plano causal da vida capaz de condicionar e recondicionar a matéria. Difícil é convencer médicos fundamentalistas que tudo que a ciência médica sabe está longe de ser tudo. O próprio dr. Bates teve sua licença clínica cassada e foi perseguido.
É complicado falar em cura. Aliás os médicos classificam um tanto de doenças como incuráveis e só resta ao desafortunado, na melhor das hipóteses tomar remédios o resto da vida e geralmente viver menos a vida que lhe resta. Declarações de pessoas dizendo-se curadas dos males ditos incuráveis são vistos com desconfiança de charlatanismo ou autoengano. Mas são muitas as práticas leigas ou religiosas capazes de mobilizar a energia interior que os chineses chamam chi, os hindus prana, Reich chamou orgon. Nesta visão o corpo é conseqüência do espírito e todas minhas crenças e minha história estão envolvidos no estado de saúde deste corpo. Não posso mudar minha história, mas posso vivê-la de um plano de consciência mais alto onde erros e acertos tornam-se apenas conhecimento. Minhas crenças evoluem à medida que se amplia minha consciência quanto à minha participação e responsabilidade na tecitura da vida. Eu, espírito, mais limpo, mais claro, opero com mais desenvoltura no plano denso.
Meir é pouco teórico, “Uma lição de vida” não é um trabalho acadêmico e sua literatura também não é grande coisa. Os valores do livro estão no convencimento e na motivação de que: SIM, VOCÊ PODE! Ele vai além do dr. Bates ao ajudar pessoas a se curar não apenas os olhos, mas olhar a vida com novos olhos e curar-se de qualquer doença. Enxergar que vida é sinônimo de saúde. (Andreluz)

segunda-feira, 4 de março de 2013

Apresentações...

Caros Amigos!!!
Nós que estamos em tratamento, lançamos esse blog como um farol que nos ilumine a caminhada pelos labirintos da mente e da sociedade.
Este é um espaço de troca de experiências, construções e desconstruções do que vivemos e do que não nos permitem viver.
Esperamos que nossas intervenções sirvam para que cada um possa olhar-se e olhar seu próximo e estabalecer vínculos de mútuo proveito.
Acompanhe, participe. Você é importante para nós.