segunda-feira, 8 de abril de 2013

Conversando com estrelas


      
Curiosamente a loucura
desde cedo presente em minha vida
nunca me mereceu um verso.

Um venerando mestre não gosta dessa palavra,
tendo-a como espiritualmente negativa.

Pondero.

Mas o mesmo sábio também não gostava de pipas!
E eu penso, aqui na minha pequenez,
se são, santo, puro, avatar, bodisatwa,
não tem lá suas idiossincrasias....      

A loucura me assistiu bem cedo
desde quando pequenino
olhando o céu noturno
sonhava conhecer, um dia, todas aquelas luzes.

Foi minha auto maldição e também minha salvação.

Talvez eu não precisasse conhecer
tantos meandros da vida e me contentasse
como tantos se contentam...

Mas, não, todas aquelas luzes,
igualmente fascinantes
a povoar
o céu da minha alma
insistiram que eu as conhecesse
- e estrela vale tanto uma como a outra
não importa sua cor...
nem mesmo sua distância.

Enfim, todas as estrelas, daquele céu
dos meus cinco anos,
terminaram por me arrebatar.

Então fiquei esgarçado pelas galáxias,
o espírito difuso por mil corpos celestiais
sem poder reunir de novo todo meu éter.

E, reconhecendo-me louco
num mundo mais louco ainda,
dei-me por são!
E passei a compreender a todos os normais.

Agora

quando meu ectoplasma se condensou
opero do mesmo corpo que habito
e conservo a compreensão e a simpatia
por todos vocês, normais.

Mas, acredite,

meu coração sempre passeia
por paragens celestiais. 

Andreluz

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